Em um primeiro momento pode até parecer que são duas áreas completamente desconectadas. Afinal, a Psicologia lida com pessoas e o Direito Imobiliário, com imóveis, correto?
Não é bem assim!
Em primeiro lugar os conflitos nunca ocorrem entre os imóveis, são sempre as pessoas que os habitam/possuem/frequentam que estão incomodadas ou incomodando. Assim, por trás de conflitos aparentemente objetivos e desvinculados de sentimentos, há sempre pessoas, com suas subjetividades e suas emoções. Enquanto esse aspecto do conflito não for devidamente contemplado dificilmente será possível atingir uma resolução adequada e sustentável no longo prazo.
Além disso, o Direito Imobiliário lida com conflitos imobiliários, condominiais, cartorários e de vizinhança, entre outros. Muitos desses conflitos são entre pessoas que se conhecem de longa data e possuem um relacionamento entre si (seja ele bom ou ruim). Assim, quando surgem questões entre vizinhos, por exemplo, podem emergir uma série de sentimentos e questões não diretamente relacionadas aquele problema específico, mas que vem de sua trajetória anterior e irão ter um impacto na maneira como cada um responderá ao conflito atual.
Várias áreas da Psicologia podem agregar conhecimentos para a resolução de conflitos. A Psicologia Social e a Comunitária estudam especialmente as relações, sejam elas entre indivíduos ou grupos, e têm pesquisas justamente sobre a convivência de vizinhos e a interação de diferentes grupos e a cidade. Dessa forma, o psicólogo pode contribuir com conhecimentos específicos à mediação.
A atuação conjunta de psicólogos e mediadores pode ser essencial em determinados casos, como quando questões emocionais estão muito proeminentes, prejudicando o diálogo entre os sujeitos envolvidos. Uma intervenção mais direta e individualizada do psicólogo pode contribuir para o sucesso da mediação.
Texto por Juliana Di Ninno – Gestora da Mediação do Morar